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quarta-feira, 19 de maio de 2010

Qual o melhor tempo?

Qual o melhor tempo?

Sempre digo que escrevo às quartas, quando quarta-feira é um bom dia para escrever.
Hoje sentei sem nenhuma inspiração, sem nenhuma inquietação e pensei: Hoje não é um bom dia para escrever. Vou fechar o micro e ir cuidar da vida...

Porém, um pouco antes e apertar a tecla "desligar" me veio um pensamento: Qual é o melhor tempo?
Pois é, muitas vezes assisto situações convidativas, situações propícias e o nosso comodismo, medo ou mesmo indisposição nos sinalizam que aquele pode não ser o melhor tempo.
Tudo bem, que muitas vezes nos faltam bases e outros itens que nos incentivem a ousar, arriscar e assim se jogar.

Mas... Qual é o melhor tempo para seguir adiante e fazer acontecer?
Qual é o melhor tempo para tirar a roupa e se jogar nas piscinas de uma relação?
Qual é o melhor tempo para abrir mão de tempos comuns, tempos padronizados, tempos em que maturamos ideias, acalmamos nossos corações e vamos além de nós mesmos?

Enfim, Qual é o melhor tempo?

Boa semana à todos!

(Szir GanoN escreve às quartas quando quarta-feira tem o melhor tempo para escrever)
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quinta-feira, 13 de maio de 2010

A carta de Shofiah ou O choro de uma lagarta que não virará Borboleta.

A carta de Shofiah ou O choro de uma lagarta que não virará Borboleta.

"Caro, honrado e adorado Senhor, salve-me!

Se o Senhor não me estimular a ser eu mesma, serei outra e então quero ver com qual das duas mil ficará, meu Senhor de mim.
Os portões de Suas terras encherão de pensamentos, e gados, e terras encherão de gente. Serei tantas mulheres que harém nenhum suportará tamanha diversidade. Suportará tamanha veracidade. Sul portará.
O que quer (de mim), meu Senhor de mim? Uma para mil? Mil em uma? Mil para nenhuma ou nenhuma em mil?
Dizes, por favor, e antes que eu enlouqueça deixa-me ser eu mesma, pois ainda que O ame somente em mim, para mim e comigo, não saberei ser ou amar a outra para, ainda que para Ti, Senhor.
Não saberei viver outra. Posso me passar e até estar outra, mas ser é divino e o Pai, a quem também respeito e me soprou a primitiva vida de diamante bruto, a quem somente Tu - oh, myLord! -, com especial e única habilidade de artista mestre e ancião de renome, e respeito, lapidou. E fez. No hoje. Algo melhor que o ontem e que ainda o será primor e excelência no amanhã, é capaz de entender o que sou e o que posso ser. Se me permite, Senhor, nada quero ser além do que sou e me permito ser para Ti em ti Mesmo.
Sabes, meu Senhor, sou o tudo que desejas, mas ainda não atingi a supremacia da metamorfose ao pensar que posso ser outra. Outra não posso ser. Se me quer, aceito. E, de joelhos, agradeço a dádiva e generosidade, sem tamanho, e que somente Tu poderia fazer. Assim, com Tua benção, graça e força estarei outra, mas ser...

Sinto. E peço, sem esperar resposta, Sua permissão para findar o quadro ao assinar a obra Tua. Com o mesmo sangue que tantas e tantas vezes fez circular forte por meu corpo sempre frágil, mas sempre disposto, e disponível, e à disposição a Teu uso e sabor.”
  *
*   *
O castelo, e as terras, e as muitas mulheres que ali habitavam, estremecem com o ensurdecedor barulho do disparo do canhão.
  *
*   *
Ela escreveu e atirou na própria cabeça. Com um canhão. Queria que nada sobrasse do que foi um dia e ainda assim pensou na possibilidade de, ao morrer com muitos pedaços, ser – por Ele - ressuscitada em muitas.
Só esqueceu que morta. Não poderá entrar em casulo algum. E ser borboleta.

Foi no ritual de sepultamento que Ele, soberano e à caráter, respondeu:

Adorada mulher minha, salve-se!
Que os mistérios do mundo que, por hora, habitas sejam-lhe prazentes.
Sei que, por merecimento, honra, glória e reconhecimento muito fui e mesmo entendendo que nada sou, agradeço o tardio aviso da partida.
Nem com mil carretas, charretes e cocheiros conseguirei juntar teus restos.
E isso pelo fato de ser muito mais que mil. Era somente uma, e não mais que uma, onde nem mesmo cem mil - e com as graças do Deus Pai - conseguiriam superar igual.
Era pérola e ostra e mar, terra e plantação e chuva, arma e munição e tiro certeiro. Era plena em si e somente em si tinha todas as fases da lua a cuidar das muitas noites que surgiram.
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Ao feudo, declaro luto de vinte e cinco dias mais um completo ciclo de luas.
Ao secretário-mor ordeno que providencie, junto ao mercador, outra para as noites que seguem.
Estou triste e preciso de alguém que me conforte.

E ouviu-se o estrondo. Do iniciar da festa para a escolha da nova serva do “senhor da floresta das Sombras”

(trecho de um livro que nunca escrevi, mas sempre leio dentro de mim: 24hs na floresta do senhor das Sombras)

By
Szir GanoN
Terça-feira, 29 de Abril de 2008, 20:25

quarta-feira, 5 de maio de 2010

BDSM - Sexo ou filosofia?

BDSM - Sexo ou filosofia?

No passado esse tema já foi corrente e motivo de boas conversas, mas hoje parece que sexo e filosofia em BDSM são rios com nascentes bem distintas.

Vamos decupar?

Sexo:
Penso que nem precisa definir, não?

Filosofia:
Houaiss
filosofia

• substantivo feminino
Rubrica: filosofia. amor pela sabedoria, experimentado apenas pelo ser humano consciente de sua própria ignorância [Segundo autores clássicos, sentido original do termo, atribuído ao filósofo grego Pitágoras (sVI a.C.).]
Rubrica: filosofia. no platonismo, investigação da dimensão essencial e ontológica do mundo real, ultrapassando a mera opinião irrefletida do senso comum que se mantém cativa da realidade empírica e das aparências sensíveis
Rubrica: filosofia. no âmbito das relações com o conhecimento científico, conjunto de princípios teóricos que fundamentam, avaliam e sintetizam a miríade de ciências particulares, tendo contribuído de forma direta e indispensável para o surgimento e/ou desenvolvimento de muitos destes ramos do saber
Rubrica: filosofia. na dimensão metafísica, conjunto de especulações teóricas que compartilham com a religião a busca das verdades primeiras e incondicionadas, tais como as relativas à natureza de Deus, da alma e do universo, divergindo entretanto da fé por utilizar procedimentos argumentativos, lógicos e dedutivos


Se creio no que leio, o BDSM é uma filosofia que se permite usar o sexo como uma de suas vertentes.
Vejo o BDSM sendo muito mais que sexo, muito mais que corpo, muito mais que pele.
Não me permito acreditar que basta ter uma pegada forte e vontade de praticar spanking (que é somente um dos muitos, infinitos, jogos) para ser e estar BDSM.
Essas letras exigem muito mais que disposição, exigem uma pesquisa constante, uma disposição que vai além das mesas acadêmicas e mais além, ainda, do uso sexual, afinal quem nunca teve um jogo que foi interessante, mas sentiu-se vazio ao final?
A pegada era boa, o sexo gostoso, o conjunto convidativo, mas era só isso.
Quando vou além do sexo, quando vou além dos jogos que envolvem somente o corpo e adentro com estudos da mente, adentro com trocas em níveis variados, atinjo o BDSM em sua essência e consigo fazer algo mágico, quase utópico e surreal.

E aí? BDSM é sexo ou filosofia?

Abraços fraternais,
Szir GanoN

(Szir GanoN escreve às quartas, quando quarta-feira é um bom dia para escrever)