Sê bem-vindo andarilho!

Entre, sente-se e se permita iludir - a mente cansada - com meus conceitos chulos, minhas ideias tão minhas e um mundo de aglomerações.
Aqui apresento, expurgo e dou conceitos - nem sempre meus - que podem servir a qualquer um.
Leia, releia e tome muito cuidado: fora ser prolixo, sou o próprio sofismo em pessoa (use isso contra mim e assuma que me lê).
Aqui o luxo é o lixo com ego inflado.
Pense que há vinho e deguste, decupe, compartimente e minta para você mesmo.
Salut à boa perdição dos perdidos, os achados em si (bemol)!

sexta-feira, 15 de março de 2013

Vamos de liturgia? sim, Senhor?! Não senhor?

Vamos de liturgia? sim, Senhor?! Não senhor?

         
E a liturgia?
Muito se fala sobre liturgia, mas pouco se debate, apresenta ou explica.
Ao contrário do que pode-se pensar a liturgia tem uma importância sem igual tanto para a mente consciente quanto para a inconsciente.
Mas quando falamos de liturgia, falamos do que mesmo?
Por liturgia entendemos todo e qualquer processo ritualístico que servirá de guia em procedimentos tanto de comunicação quanto de ações.
De cunho primário religioso foi "transposta" para o BDSM com o intuito de facilitar a elaboração de serviços e classificar falas e tratativas já que em sua origem (o grego) ela é vista como "serviço" ou "trabalho público) e em algumas religiões como "ofício ou serviço indispensável".
É muito mais comum ver a liturgia da fala que do ofício no meio, mas... que diabos é isso?
Dirigir-se a um Senhor, usando o termo "Senhor" e não "Sr." ou "senhor" é pura liturgia.
A postura adquira em cena é liturgia. O abaixar a cabeça, não olhar diretamente nos olhos de um Senhor, estar nua. Tudo isso é liturgia.
Mas por que usar a liturgia em uma época em que tratamos até as grandes figuras da atualidade por "você"?
A tratativa de Senhor tem as funções primárias de mostrar respeito e posição social.
Os franceses usam essa tratativa como uma forma de "proteger o seu espaço pessoal" e deixar claro a "ausência de intimidade". Não o conhecem? É senhor e pronto! Faça o mesmo e demonstrará igual respeito.
Alguns executivos oscilam entre o senhor e o você para fechar ou abrir espaços. Uma forma de distanciar ou aproximar o outro e com isso ter melhores resultados nas produções individuais.
Por outro lado (e aqui versando sobre BDSM), a tratativa de Senhor faz com que o submisso entenda sua posição diante daquele Senhor e deixe claro que sabe qual é o seu lugar.
Mas... Por que tantos e tantos submissos demonstram uma absurda resistência a usar a liturgia?
Pois é... No inconsciente a liturgia atua de uma maneira muito forte e precisa, assim ao usar o termo Senhor o submisso, a maioria de maneira inconsciente, inicia um processo de verga onde, a cada novo uso, a mente cede mais àquele Senhor.
Outros apresentam a resistência por serem, no dia a dia, senhores de suas vidas e muitos assumem posição pessoal, e até profissional, de verdadeiros líderes e confundem ser líder com ser Dominador.
Sem contar que existe um sem fim de submissos que querem servir à sua moda e tentam, a todo custo, "ter o melhor dos dois mundos" (frase dos antigos para fazer referências a pessoas que só queriam o lado bom de tudo). O que nem sempre é possível.
Uma turma pouco exposta é a turma que tem uma liturgia tão fácil que passa a sensação de falsidade.
Todos recebem tratamento V.I.P., todos são Senhores e são recebidos sempre de cabeça baixa e bunda à mostra.
O uso da liturgia é tão vulgar que parece uma grande piada. A sensação que fica, ao Dominador, é de pura e explícita ironia.
Nem sempre o é, mas é sempre bom lembrar que alguns Dominadores apreciam exclusividade, assim, não veem com bons olhos o melhor tratamento ser dado a todos.
A verdade é que, para muitos, não é fácil seguir todo um padrão litúrgico e vergar diante de um Senhor.
A verdade é que liturgia é um tema a ser difundido, discutido e muito bem avaliado.
Essa é a minha verdade.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Quem ou o que é você?

Por vezes cruzo com adeptos e praticantes de BDSM perdidos em si mesmos por conta de um ponto que não dá desconto: Quem (ou o que) é você?

Segundo a visão de alguns ser Dominador é estar do lado mais bonito da moeda, ao mesmo tempo que ser submisso é pertencer a "crace proletária".
Para outros ser submisso é algo de outro mundo. A melhor parte da brincadeira no final da tarde e perto da hora da mãe chamar para entrar (e tomar banho. arrrrgggg).

Os mais experientes, atentos e assumidores de seus desejos e vontades sabem que cada lado da moeda tem suas vantagens e desvantagens. Cada um tem seus "onus i bonus".

A verdade é que quando o casamento é perfeito ambas as partes serão importantes e valorosas nesse jogo sem fim chamado vulgarmente de prazer.
Digo vulgarmente porque tudo vai além do prazer, aliás, BDSM me lembra o Tantra onde passar da janela do prazer é o grande barato.
"Você tem coragem de pular a janela e passar pelo jardim?
Ela não tem chão, ele não tem fim".
Já dizia o poeta...

Quando conseguimos sentir o prazer, mas não nos ater [somente] a ele o jogo fica muito mais interessante.
Porém, por conta dessa coisa de classificar - e até elitizar - lados muitos "se perdem em si".
Porém, depois de um tempo praticando (muitas vezes sem um real prazer ou sem conseguir ir além do prazer) muitos se perguntam: Quem (ou o que) sou eu?!

A pergunta grita mais ainda quando cenas do lado oposto nos geram mais prazer (e até sinalizam nos levar além dele) que as cenas do lado escolhido por cada um de nós.
Nessa hora quem tem disponibilidade emocional e quase nenhum preconceito dentro de si não titubeia e vai ao outyro lado experimentar.
Aqueles que são travados em si e presos a conceitos, muitas vezes falhos e simplesmente moralistas (é... o BDSM tem disso, também), seguram a onda, não conseguem formas para virar a chave (switch!) e ficam amargos sem saber o porque.

Por mim, digo que curto ver Dominadores exercendo seus papeis, mas fico louco de tesão ao ver, sentir e perceber o submisso exercendo seus muitos papeis.
O submisso mostra muito mais a que veio até pelo fato de estar mais exposto e entregue.
Como não fascinar com isso?

Claro que fascinar não é querer estar do outro lado, então por que alguns querem virar a chave?
Ixi que as respostas são infinitas, pois tudo vai desde um simples tesão, passando por questões emocionais e indo até questões mentais.

Nâo respondi a pergunta inicial, né?
Talvez não tenha, nem mesmo, divagado acerca do tema central.
Mas querem saber? *rindo aqui* O intuito nem era esse.
Estava com saudades do blog e vim chovalhar um cadinho de ideias...

Boa semana a todos e obrigado aos novos assinantes.

Szir GanoN

quinta-feira, 17 de março de 2011

Desejo e desejos

Um dos cara mais loucos que conheço veio me visitar hoje.
Senhores, Senhoras (e submissos) com vocês Dom Schopenhauer!
"O desejo realizado deixa de ser desejo"

Pronto, entrou em grande estilo!

A questão da semana é: Como equilibrar mandos, desmandos e realizações?
Dominadores mandam, submissos obedecem. E aí: Simples assim?
Não brocham ao ter um algo a seu completo dispor?
Calma D. Tereza Batista, sei que a realidade é outra... mas vamos fazer esse povo pensar um cadinho.

Mas por outro lado tem Dominadores que nem mandam.

Putz! 8 ou 80?!

E ainda tem a borda da moeda onde o submisso tem algumas demandas e entende que servir é pagar (antecipado) pela realização de seus desejos, afinal ele não entrou no jogo à passeio. Se quisesse ser doméstico, secretário ou auxiliar de serviços gerais arrumaria um emprego, pois!
Entendo que servir é dar muito mais do que recebe, mas... a esperança no receber é, no mínimo, ponto passivo (fechado mesmo!).

Então, como achar o equilíbrio entre servir, atender e ter?
Se atende à tudo, pode ficar monótono (não acredito nisso, mas é a realidade da maioria. Exponho), se vacila e deixa "cousas" pendentes é relapso, rebelde e a porta da rua será a serventia da casa.
Onde está o equilíbrio? O tal do meio termo?

Como manter a chama do jogo acessa e acessá-la sem o peso (no Dominador) de sentir-se trabalhando para submisso?
Como manter a chama do jogo acessa e acessá-la sem o peso (no submisso) de sentir-se sendo usado de forma indevida ou aquém de suas reais disponibilidades?

Conversa em versos, asseguro, nem sempre resolve.

E ai?
Até onde sei o mestre Schopenhauer foi um dos pensadores mais famosos por ganhar debates mesmo sem ter razão.
Quem tem razão?

Boa semana a todos!

quinta-feira, 3 de março de 2011

Quarta-feira? Vamos escrever!

Hoje fiquei triste. Muito triste. Triste demais.
Uma amiga esta triste, sentida, comovida (leia-se: puta da vida).
Queria trocar, ajudar, conversar, mas quando ela me disse o motivo tive que calar-me.

Em suma:
O que é o BDSM para você?
Onde está o seu espaço e onde está o espaço do outro?
Seus desejos, onde estão?
Quanto está disposto a pagar para que eles se realizem? A alma?

Certo.
Eu penso que - e não cansarei de pensar assim - BDSM é feito de camadas e há de um  a tudo nessas camadas.
Por padrão, entendem, que é preciso separar a persona master das personas secundárias, ou seja, a mulher é uma e a submissa é outra.
Apesar de eu ser totalmente contra a essa postura pensadora, na teoria, a versão é interessante, mas na prática somos, todos, liquidificadores humanos.
A mãe vai sim para o trabalho e o divide com a secretária que produz. O chefe não vale nada, mas também é colocado nele a visão comparativa do marido, filho, amigo.
A secretária vai sim a escola do filho, vai ao curso de auto conhecimento da mulher e todas se fundem e confundem o cabeção.
Usei a mulher como exemplo, mas com o homem não é diferente e... talvez até mais.
O homem "perde um pouco do senso de espaço" quando trata a secretária feito filha ou mulher, trata a professora do filho como sua mais nova melhor amiga de infância e por ai vai.

Mas... onde está o espaço de cada um?
Se penso em vida comum, pode estar em qualquer lugar (que o outro permita que esteja).
Se penso em BDSM entenderei que está exatamente onde a pessoa quer estar, afinal assume-se a postura de Dominador para ser Senhor Feudal e de submissa para estar à serviço direto do Imperador de Si mesmo.
Do contrário para que serve o meio senão para atender a necessidades que fora dele tenho dificuldades de externar?

E o jogo?
Aí mora a derrocada de muitos impérios.
De longe o Dominador é lindo, poderoso e sem igual.
De longe Ele é o cara!
De meia pata de distancia Ele começa a perder a tal da maiúscula na tratativa.
De perto é um louco, mimado que não se entende.

De longe serví-lo é um sonho de consumo.
Começa-se a entrar e a meia pata Ele não é tão bom assim.
Depois de estar dentro, querem mudar tudo, não há eco e... ele é mimado, não se entende.

Por favor, não estou defendendo Dominador algum. O exemplo aplica-se a submissas também e igualmente não defendo ninguém. Apenas apresento visões. Veja quem quiser.

Mas...
Até que ponto é interessante adentrar um feudo como submissa e, uma vez dentro, querer ser tratada como mulher?
Até que ponto é interessante, para entrar, se apresentar como submissa separada (da mulher), mas uma vez dentro mostrar que a mulher é quem manda e... até o Dominador terá que obedecer?

Vejo submissas frustradas porque preparam verdadeiros banquetes para os Donos de si (e não "seus Donos", pois vejo posse aí) e qual mulherzinha fazem tudo sozinhas, não avisam, não coordenam e querem que o Dominador balance o rabo e faça festinha quando chegar.
Não fazem?! Filhos de uma mãe que os deixou na zona ao nascer!!!
E de pensar que, na época feudal nada era feito às surpresas. Tudo era perguntado, negociado, esquematizado.

Não sei. Mas entendo que, ao entrar para um feudo a condição máter é doar o controle àquele te que abastece.
Não sei, mas cada dia mais, vejo isso mais distante.

Quarta-feira, me desculpem, estou triste.

Abraços fraternais,

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A submissa oferta-se ou o Dominador a toma?

Essa é uma questão antiga e vale sempre divagar.
Dois pesos e duas medidas.

Antes precisamos falar do ser humano. Esse poço de insegurança.
Independendo da posição o homem, por padrão é inseguro em si. Geralmente é a mulher quem abre todos os caminhos, faz a poesia, regula a métrica, ajusta as rimas e deixa a assinatura por conta do homem. Isso numa sociedade comum.

O BDSM, entendo, remonta a época feudal.
O BDSM, entendo, tem toda uam ritualística que o embasa.
Assim, o ideal seria, no meu entendimento, que a escrava se utilizasse de um Mercador para vender-lhe a um Senhor de fato.

Peso um, medida um:
Sim, penso que uma submissa tem que ser tomada.
Claro, óbvio e evidente que é preciso entender alguns sinais.
Se uma submissa começa a procurar muito um Senhor, se insiste em abrir canais e frentes de comunicação, se as trocas vão além de parâmetros comuns, por favor. Não há o que perguntar, é tomar e pronto.
Ai a madresita me perguntará sobre a tão falada e imposta como obrigatória negociação.
Respondo que a negociação está no grupo das inseguranças do ser humano citados bem no início da divagação.
Oras, por favor, se há química, se há um canal de comunicação aberto e fluindo, se há crença de que aquele é o home da sua vida, por que negativar a toma?
Por que querer negociar, de pronto, o que terá toda uma vida para ser negociado?

Peso dois, medida dois:
Não tenho dúvidas que, usando (ou não) toda uma ritualística a submissa deve ofertar-se aquele que acredita estar à altura de ser-lhe o Dono e Senhor dos atos.
Não tenho dúvidas que ai entra, de novo, a tal insegurança do ser humano, mas feliz daquele que consegue transpor essa barreira.

Por fim, vejo hoje tanto Dominador quanto submissa, cada vez mais levando o BDSM para os meios comuns da sociedade comum.
De modo algum sou contra namoro, relação mesclada, pelo contrário, acho saudável essa postura, mas... arrepio ao ver tanto um quanto outro abrindo as portas da insegurança e não tendo a atitude de tomar ou ofertar.

"Por ordem e graça do Deus maior, por força e vontade de mim mesmo, tomo-a do mundo comum e a assumo no meu.  Entra e me sirva, mulher"
- Sim, Senhor. É a esperada resposta. E pronto!
Simples assim.

"nobre e honrado Senhor, salve. Perdoa-me a ousadia dos atos, mas é fato que o mundo me judia, abusa e não usa. Peço-Lhe, Honrado, que pela graça de Deus acolha-me. Toma-me Tua, pois que se Tua não for, morrerei mais do que já morro em mim. Meu desejo é servir-Lhe e esse é o meu último desejo se assim aceitar-me"
- Entra mulher, tira a roupa e deixa-me ver teu corpo.
Inicia-se o "jogo de toma" o "ritual de posse" (preciso escrever mais sobre rituais, não? Me cobrem e farei isso)

Afinal quem é quem?
A submissa oferta-se ou o Dominador a toma?

(Boa semana que a louca da Luiza veio me lembrar que hoje é quarta. De saco cheio com essa minha editora chata! kkkkkkkkkkk)

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Personagem ou persona?

Não cansamos de ver, ler, ouvir depoimentos de artistas onde eles apresentam o árduo trabalho da concepção de um personagem.
São horas de estudos, oficinas, experimentos, conversas e observações.
Ao final o personagem está desenhado, perfilado e pronto para ser usado qual uma roupa.
Um pouco antes do espetáculo o ator faz toda uma preparação para vestir o personagem e usa um tempo depois para conseguir despir-se
Segundo eles, não são fácies tais tarefas, mas o resultado - quando perfeito - é gratificante.
A persona é uma parte de nós. Não é couraça nem postura, mas é um pouco de cada.
São perfis que temos e que usamos de acordo com a situação.
Algumas personas afloram como uma reação resposta de uma ação, outras precisamos centrar, preparar todo um sistema para que ela surja.
Uma persona muito comum é aquela que vem quando "perdemos a cabeça" em uma discussão. Aquele nosso perfil que apresentamos quando estamos nervosos é uma persona nossa. Uma parte que temos, mas nem sempre usamos.
Quando alguém nos faz perder o chão no sexo, temos mais uma persona. Vamos além de nós mesmos, nos permitimos.

As personas podem ser, até certo ponto, controladas. Podem ser tanto convidadas quanto expulsadas. É uma questão de trabalho, auto conhecimento, disponibilidade e respiração.

Isso posto as perguntas que não calam são:
O que você usa para jogar BDSM, um personagem ou uma persona?
Consegue ver um e outro?
Quem garante que sua persona não é um personagem muito bem trabalhado?
E se for, qual o demérito?
Por outro lado e se realmente for persona?
Como a aciona?
Como dividir a secretária eficiente da submissa atenta e prestativa?
Quando não confundir disponibilidade intelectual com disposição emocional?


Boa semana a todos!!!

(hoje é sexta, mas programarei a postagem para quarta! Eeeeeeeehhhhhh depois de meses consigo postar numa quarta-feira!!!)
(acreditem se quiser... fiz uma programação errada. Notei que a postagem não entrou, vim ver e... coloquei para dezxembro. Será que não consigo mais postar as quartas por algum feitiço? Arrrgggg)
kkkkkkk

Foto:
http://farm3.static.flickr.com/2695/4424575116_cb2f4443b5_o.jpg

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Dominação psicológica e o "ir além"

Sempre recebo as discussões que rodam no FetLife. Recebo, olho o título e quando interessa dou uma "zapiada" por cima. nâo por desdém, mas sim por não ter tempo mesmo e por nem semprer concordar com as visões apresentadas.
Esses dias recebi algo sobre dominação psicológica, mas não consegui tempo para dar uma olhada.

Mesmo sem ler, externo minha visão:
Penso que dominação psicológica é levar tanto a si quanto ao submisso além de si mesmo. Além das barreiras e travas comuns.

Ainda vejo a entrega (sempre muito bem preparada pelo Dominador e esperada pelo submisso) como algo que está à frente de ambos e precisa ser mais conquistada que solicitada.

Algo que acredito iniciar com o submisso ofertando, ao Dominador, o que não dá a qualquer um. No meio o submisso se permite experimentar (sempre buscando o prazer - esse é o grande barato) o novo e num estágio mais avançado (e obviamente já tendo traçado o perfil daquele a quem serve) o submisso em um momento espera o que vem e em outro oferta o que deseja que venha. Sim, submisso é parte operante no jogo e quando vejo um submisso somente esperar, o vejo como Senhor da situação, logo a participação, o palpite (na hora certa), a interação são mais que bem vindas, são fundamentais.

Vamos por parte?
O que seria "ofertar, ao Dominador, o que não dá a qualquer um"
Seria atingir um nível onde o Dominador recebe aquilo que somente ele pode receber. Darei alguns exemplos simples e peço que cada um vá além deles.
1. O submisso não "gosta" de dirigir à noite. Seja por inquietação, saúde ou outro ponto. Nada faz o submisso sair a noite guiando um carro.
Muitro bem, o Dominador (claro que gozando de todas as suas faculdades mentais e sabendo exatamente o que está fazendo e, ainda, cercado de segurança) pede que o submisso dirija a noite (sozinho ou não).
Nessa hora, mesmo não dirigindo a noite, o submisso dá o seu jeito e atende ao Dominador. Isso é dar ao Dominador o que não daria a qualquer um.

2. Por um trauma de infância, o submisso não come frutos do mar.
O Dominador faz todo um trabalho, meses discutindo, elaborando e preparando o submisso para aquele momento.
Chegada a hora... o submisso se vê diante de uma paella e ai? Ele se permite experimentar a paella até onde dá e evita devolvê-la ao prato.

Como escrevi, são exemplos simples, mas que - em simbolismo - vão além do jogo, além da cena e a atuação no psicológico do submisso é fundamental.
Não é chegar e mandar, é na maioria das vezes, indiretamente conduzir àquele momento, é levar a si mesmo e ao submisso a um simbolismo de superação que refletirá diretamente na relação de ambos.

Quem pensa que somente submisso precisa superar limites engana-se. Dominadores são pessoas que optaram por conduzir. Preparam-se para isso em seu dia a dia, estudam, focam, olham para aprender e ousam ir além, mas... são seres humanos. Salvo aqueles que habitam o menos de 1% da população que é 100% saudável, seguramente tem alguma trava, trauma ou reticência em relação a alguma assunto.
Se trabalhar, ir além, forçar mesmo é um dos canais para atingir a superação.
O submisso é parte importante quando nota que um Dominador não faz isso ou aquilo muito mais por trava que por jogo.
Aqui pode entrar o fato de não transar em cena, não permitir uma troca de afeto onde a relação supere o BDSM e atinja outros níveis mais sociais e comuns.
Diante dessas travas o submisso deixa de sê-lo para ser um servo à serviço do Rei e, quando couber, não haverá demérito em guiar o Dominador naquela senda.
Afinal não podemos esquecer que todo Rei é preparado por um servo. Tê-los como parceiros é uma forma de justiça, coerência e visão global.

É isso, gente. Sem revisar, sem reler, mas seguro que ia falar de uma coisa e falei de umas outras. *sorriso*
Melhor isso que nada, não?

Boa semana, boa quarta e fiquem bem.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

E a coragem?

"Você tem coragem de pular a
janela e passar pelo jardim?
Ela não tem chão, ele
não tem fim. AsF"

A ideia é forte, a visão é linda, a teoria pragmática, mas... e a realidade?
Já vi de tudo, já ouvi de tudo e hoje fico a refletir: Quantos, de fato, tem coragem de seguir um jogo cego? Quantos realmente estão dispostos a entregar o controle nas mãos de um outro por um espaço de tempo?
O que seria entregar o controle?
O que seria um espaço de tempo?

Quais os riscos?
Quais os lucros?
É sabido que somente o ambicioso é pego pelo diabo. E ai?

Tudo bem que, segundo a internet, BDSM não presta. Melhor, BDSM bom é o BDSM feito por quem escreve. Ele faz jogos loucos, pirados e sem noção, mano, mas... Qualquer outro é irresponsável, sem noção e merecedor de polícia. Já notaram isso? *sorriso*
Com eles você pode conhecer às 8h e jogar às 10h, mas se outro propoe isso, o outro é louco e o que ele fez tem que ser dsivulgado nas listas. *sorriso*.

Muito bem, sarcasmos à parte, você tem coragem de pular a janela e passar pelo jardim mesmo sabendo que ela não tem chão e ele não tem fim?
Louco, não?
Mas você tem coragem?

Bela quarta povo! (eu hein. Só escrevo às quartas, esqueceram?)

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Luto - eu estou de luto!

Pior que perder alguém do meio é perder alguém que consideramos amigo, que vimos a luz brilhar vindo de dentro, que assumimos o amor que nutrimos por essa pessoa.
Pior que perder um amigo é perdê-lo para as estatísticas de violência que assolam o nosso país (e alguns muitos outros).

Puta que pariu, gente! A Annye era um doce de criatura. Uma mulher ímpar, uma figura sempre presente e disposta a tirar um sorriso do rosto de quem quer que seja.
Queria, mas não sou Deus para dizer se ela merecia ou não.
Em meu mundo mando eu e nele sou juiz, defesa e acusação. Annye era gente boníssima! Não merecia isso.

A garota vivia para correr atrás de seus sonhos, para cuidar do filho e da carreira.

No msn ela me chamava de forma séria até eu atender, mas eu nunca a atendia, então ela soltava algo que sabia me deixar puto da vida e lá ia o bobo aqui brigar com ela. Depois que eu soltava os bichos ela abria a camera rachando de rir. Na hora eu não falava nada, mas sempre dizia que a técnica era infalível, pois eu ria junto e esquecia a provocação.

Uma debatedora atenta, perspicaz e sempre disposta a defender suas ideias e ideais.
Eu adorava debater com ela. Quando eu não estava mais a fim deturpava uma fala dela, mudava o foco do assunto e caia matando sobre ela. Algumas vezes ela chorava de raiva e eu abria a camera rachando de rir. Qual uma criança inocente ela ria na mesma hora e passava por cima de tudo.

Aplicada e dedicada. Ministrei um curso profissionalizante para ela. Nunca faltou a uma aula, mesmo assumindo que se perdia fácil em SP, nunca atrasou uma aula e sempre chegou atenta, disposta e sorridente.
Seus dentes, iguais aos de uma criança, eram eficazes na hora de fzer sorrir.

Uma mulher e tanto. Dedicada, amiga, presente, comunicativa. Uma mulher ímpar.

E a submissa? Feliz daquele que assumiu essa mulher, pois dele foi o reino dos céus.
A Annye era do tipo que aprendia. Conseguia processar o movimento do outro e acolher dentro do seu estilo inconfundível e muito especial.

Amiga, eu sempre disse e repito: Morrer é fácil para quem vai, afinal não sabemos, de fato, o que tem do outro lado. Mas para quem fica é uma dor sem igual.
Sou um durão, um chato, um cara que leva muitas coisas à ferro e fogo, mas também sou poeta, andarilho, artista e posso mesclar tudo para dizer: Você fez a diferença, fará muita falta!
Que o diretor aí de cima saiba te aproveitar em muitas peças, você era boa no que fazia.

Amém!

*estou de luto*

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Liberdade sim, mas até que ponto?

Um piloto de Asa Delta precisa, antes de qualquer coisa, ter interesse em voar, o curso para a retirada de brevê é primordial, as aulas antes do voo solo são obrigatórias e ter o equipamento é si ne qua non. Seja alugado ou próprio, sem ele não há voo. Sério? Mentira. Para voar ele ainda precisará de vento, uma rampa (natural ou artificial) e mais um sem fim de itens que só os que são do meio dominam os termos. Eu não.

Ao estar pronto para voar, o piloto ainda é levado a seguir um sem fim de regras, procedimentos e visões para que sua segurança esteja acima de qualquer coisa.
Para ousar precisa de habilitação, para inovar, precisa de habilitação, de centro e disposição.

Tudo bem, de baixo olhamos aquela maravilha de voo e pensamos: Como é bom ser livre. Voar sem destino e poder fazer o que quiser.
Mas quando o piloto desce ele quase desenha uma pista aerea exata onde ele precisa se manter. Fala do rigoroso controle de altitude e da constante atenção a todos os itens de segurança que exige um voo, do mais simples ao mais ousado.
Achamos "a coisa" muito mais complexa do que parece e até desistimos daquela tentação de ser um As do Ar.
Numa última tentativa de acender o ímpulso que nos levaria a percorrer todo aquele árduo caminho, perguntamos ao piloto: - Se temos que fazer tudo isso para voar, se não posso voar do jeito que realmente quero e se não posso ir para onde quero, onde está o prazer de voar?
O piloto sorri e diz que o prazer está justamente em conseguir, mesmo com todos aqueles procedimentos buscar a sua liberdade.

Então, gente, BDSM é filosofia, cultura, arte e um sem fim de outras denominações.
BDSM é composto por camadas e, para que uma camada seja válida basta que o parceiro assim aceite. Se a pratica é self aí mesmo que nem parceiro precisa. É você com você mesmo. E ponto!
Mas... e quando falamos em filosofia, em grupo?
Posso mesmo abrir mão do básico para fazer o que quero, do jeito que quero?

Vejo constantemente pessoas dizendo que BDSM é isso, que BDSM é aquilo, mas o que é BDSM? Mais importante: Como você vê o seu BDSM?
Porém, a exemplo do piloto de Asa Delta, para  o BDSM é preciso (senão desejável) um sem fim de "itens em base" para que o mundo flua e o ritmo seja prazente.
E aí: Você tem consciência desses itens? Você gera procedimentos para inviabilizar desencontros e perda de segurança em cena?

Quem é você: Piloto, Asa Delta ou rampa?

Linda semana que hoje, quarta-feira (sim, só escrevo e posto às quartas, ainda), é véspera de feriado e eu preciso cuidar da vida. Suzy (moto) e SonYa (máquina fotográfica) me rogam a atenção.