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quarta-feira, 17 de março de 2010

O BDSM e suas infinitas camadas

O BDSM e suas infinitas camadas

Não importa o meio de comunicação. O que mais ouço é: Procuro um Dominador sério, comprometido e verdadeiro Dominador.
Sempre que leio linhas assim, confesso, arregalo os olhos, afinal o que é ser sério, comprometido e verdadeiro?
Se consigo a resposta ainda sobram/surgem questões mais complexas:
Quem julga?
O veredito (ou ainda seria veredicto?) desse juiz é válido para todos?
Mas quem viverá a relação? O "julgo comum" é válido para si?

Cruzo com pessoas interessantíssimas do ponto de vista intelectual (e até sexual, por que não dizer?), mas preciso revelar que a grande maioria não me faz "toin-toin". Sinto.
Não me comovem e um dos fatos é recusarem-se a ver, sentir e se permitir entender que o BDSM é composto por camadas e que a validação dessas camadas se dá ao termos um par igual que aceite o jogo daquela com o qual... irá jogar.
Oras, abro mão da tradicional sociedade comum, venho para o BDSM porque ele me dá maior liberdade de expressão e atuação e aqui encontro regras mais rígidas que a sociedade que neguei?!? Que isso minha gente?!

Não condeno o fato de cada um acreditar no mesmo que um coletivo atuante acredita, o que elaboro aqui é: Até que ponto, por termos definido o que buscamos, devemos cercear a busca do outro invalidando suas crenças e expectativas?

- Ah, mas Dominador fulano é um galinha!
- Submissa Ciclana adora uma dança de coleiras.
- Mistress Paraíso (e outros metros) ama cobrar por sessões.
- Mestre Abelardo, é um tolo que se mantém escondido atrás da sub.
- Sinceramente? O submisso Oscar de LaRosca é viadíssimo! E MasterComtrê sai com ele.

Putz e daí?
- Ah, mas é só um comentário, não estou condenando.
Sei...

Penso que se há alguém que faça par, não há demérito. Pode não servir para você, mas se serve para o outro, por que não?
Então por que você não gosta de casas noturnas, o mundo deve acabar com elas ou... taxá-las de "Não verdadeiras Comércio" ou... "Estabelecimento não sério" ou... "Empresa não comprometida"?

Misturei dois assuntos, eu sei. Relaxa e goza, que uma política já nos ensinou isso. Ou será que, por conta dessa frase, ela não é uma verdadeira política? Será que, depois desse comentário, ela deixou de ser uma politica comprometida?

Não vejo como menos sério aquele que assume o que deseja, por outro lado vejo muitos adeptos sonhando com um parceiro(a) redondo e, depois de muito busca, tentar - a todo custo - colocar um quadrado naquele lugar reservado ao redendo. Não se dão nem ao trabalho de desconstruir ideias tidas como antigas e reconstruir novos conceitos.
Nada cai do céu de graça. Até a chuva passa por um processo para descer. A descida é o resultado final desse movimento e o inicial para um novo ciclo. Pense nisso.

Ainda lembro, denoto e exponho que seriedade, quando o assunto é relação intelecto-sexual, torna-se algo subjetivo. Diante das inúmeras possibilidades de jogos psicológicos o sério, o verdadeiro e comprometido pode ser um sem fim de itens em uma prateleira de supermecado.

É isso, volto semana que vem. Sempre às quartas. Sempre que quarta for um bom dia para escrever. *sorriso*

3 comentários:

  1. ah, que bom le-lo de novo.

    Ótimo texto, boas reflexões mas ousaria trazer uma pergunta ao início. O que é verdadeiro ? Verdade existe ?
    Tudo depende, possivelmente, para quem...e aí é muito pessoal. Verdadeiros e falsos não se aplicma a realidade.
    beijos, Sr
    ana.mmk

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  2. Quando vejo esse tipo de assunto logo pensó: é questão de decisão mesmo. é melhor decidir ser feliz do que estar certo. Não existe moldes ou padrões que se encaixam para todos. Ainda bem que existe uma diversidade de pessoas e obviamente seus pares.
    otimos textos, lendo aqui todas as quartas ou quintas e sextas ou quem sabe em finais de semana, mas lendo com alegria.


    saudações

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  3. Sabe porque se procura um Dominador com tais características é porque muitos deles não as tem apresentado em sua ostura dominante. Infelizmente.

    E muitas de nós, meninas, submissas, queremos um Senhor que traduza respeito, carinho e aceitação da nossa servidão.

    Gostei do seu post.

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Obrigado por comentar, andarilho!