Páginas

quinta-feira, 3 de março de 2011

Quarta-feira? Vamos escrever!

Hoje fiquei triste. Muito triste. Triste demais.
Uma amiga esta triste, sentida, comovida (leia-se: puta da vida).
Queria trocar, ajudar, conversar, mas quando ela me disse o motivo tive que calar-me.

Em suma:
O que é o BDSM para você?
Onde está o seu espaço e onde está o espaço do outro?
Seus desejos, onde estão?
Quanto está disposto a pagar para que eles se realizem? A alma?

Certo.
Eu penso que - e não cansarei de pensar assim - BDSM é feito de camadas e há de um  a tudo nessas camadas.
Por padrão, entendem, que é preciso separar a persona master das personas secundárias, ou seja, a mulher é uma e a submissa é outra.
Apesar de eu ser totalmente contra a essa postura pensadora, na teoria, a versão é interessante, mas na prática somos, todos, liquidificadores humanos.
A mãe vai sim para o trabalho e o divide com a secretária que produz. O chefe não vale nada, mas também é colocado nele a visão comparativa do marido, filho, amigo.
A secretária vai sim a escola do filho, vai ao curso de auto conhecimento da mulher e todas se fundem e confundem o cabeção.
Usei a mulher como exemplo, mas com o homem não é diferente e... talvez até mais.
O homem "perde um pouco do senso de espaço" quando trata a secretária feito filha ou mulher, trata a professora do filho como sua mais nova melhor amiga de infância e por ai vai.

Mas... onde está o espaço de cada um?
Se penso em vida comum, pode estar em qualquer lugar (que o outro permita que esteja).
Se penso em BDSM entenderei que está exatamente onde a pessoa quer estar, afinal assume-se a postura de Dominador para ser Senhor Feudal e de submissa para estar à serviço direto do Imperador de Si mesmo.
Do contrário para que serve o meio senão para atender a necessidades que fora dele tenho dificuldades de externar?

E o jogo?
Aí mora a derrocada de muitos impérios.
De longe o Dominador é lindo, poderoso e sem igual.
De longe Ele é o cara!
De meia pata de distancia Ele começa a perder a tal da maiúscula na tratativa.
De perto é um louco, mimado que não se entende.

De longe serví-lo é um sonho de consumo.
Começa-se a entrar e a meia pata Ele não é tão bom assim.
Depois de estar dentro, querem mudar tudo, não há eco e... ele é mimado, não se entende.

Por favor, não estou defendendo Dominador algum. O exemplo aplica-se a submissas também e igualmente não defendo ninguém. Apenas apresento visões. Veja quem quiser.

Mas...
Até que ponto é interessante adentrar um feudo como submissa e, uma vez dentro, querer ser tratada como mulher?
Até que ponto é interessante, para entrar, se apresentar como submissa separada (da mulher), mas uma vez dentro mostrar que a mulher é quem manda e... até o Dominador terá que obedecer?

Vejo submissas frustradas porque preparam verdadeiros banquetes para os Donos de si (e não "seus Donos", pois vejo posse aí) e qual mulherzinha fazem tudo sozinhas, não avisam, não coordenam e querem que o Dominador balance o rabo e faça festinha quando chegar.
Não fazem?! Filhos de uma mãe que os deixou na zona ao nascer!!!
E de pensar que, na época feudal nada era feito às surpresas. Tudo era perguntado, negociado, esquematizado.

Não sei. Mas entendo que, ao entrar para um feudo a condição máter é doar o controle àquele te que abastece.
Não sei, mas cada dia mais, vejo isso mais distante.

Quarta-feira, me desculpem, estou triste.

Abraços fraternais,

4 comentários:

  1. Não fica triste, não, gosto tanto dos teus pensamentos e reflexões, já te lia há um bom tempo, mas comecei a te seguir há pouco, pois há pouco criei meu blog, e desde então você não tinha mais postado.
    Acho que o essencial em BDSM é assumirmos nosso papel, seja ele qual for desde que nos faça felizes. sou iniciante na blogosfera e em BDSM, mas sei que procurei o BDSM pra ser feliz.
    Miaubeijos e espero que volte a escrever com maia frequencia =^.^=

    ResponderExcluir
  2. Szir GanoN

    Seus textos sempre me levam a parar tudo, respirar e refletir... e penso que não tem como separar o homem do Dominador... a mulher da submissa. Por isso antes de saber onde começa e termina o espaço de Dominador e submissa é preciso tentar equilibrar o espaço do homem/Dominador e da mulher/submissa.
    É um desafio que cada um tem que encarar primeiramente sozinho. Fazer com que cada lado conviva em harmonia. No caso específico da mulher/submissa saber quem é a Senhora de quem, antes de querer servir a um DOMINADOR.
    Tenho aprendido com o Senhor. E vejo que esse aprendizado tem mudado minha visão poética do BDSM para uma visão mais real.
    Hoje sei que quero servir não só como submissa, mas como mulher.
    Lhe agradeço Senhor por estar me mostrando essa realidade, que é boa, principalmente se soubermos tirar dela o melhor não só para o BDSM mas para a vida como um todo.

    saudações Szir GanoN

    isabella.

    ResponderExcluir
  3. leitora de quarta veio atrasada rsrs
    sei bem do falas Senhor, e não está sozinho em sua tristeza.
    Creio que vários Dons e subs que vivenciam ou vivenciaram uma submissão sublime olham isso com certa tristeza.
    Agora eu entendo por Nobres Senhores se escondem na floresta rsrs
    Tenha uma boa semana Senhor

    saudações da Casa de SIR MAGNO e sua escrava ([{mila}])MAGNO

    ResponderExcluir
  4. Szir GanoN...impossível não le-lo.

    "Aí mora a derrocada de muitos impérios.
    De longe o Dominador é lindo, poderoso e sem igual.
    De longe Ele é o cara!"

    Sim..ai os impérios caem, porque de longe as submissas são lindas, subservientes e sem igual, mas de perto...
    Então é o longe e o perto que desfocam, porque de longe o personagem é compacto, de perto sempre há rasgos na fantasia.
    Dele e dela, do avesso e do direito, por dentro e por fora.


    É o kabuki. O impressionismo, ninféias no salão oval.Foco e (des)foco. Mas nem por isso ou justo por isso é tão impressionantemente belo.

    beijos sempre carinhosos e respeitosos.

    ana.mmk

    ResponderExcluir

Obrigado por comentar, andarilho!