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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

BDSM um jogo de dois


O mais difícil no BDSM é conseguir entender que ele é uma relação de dois. Cada um tem um movimento, mexe uma engrenagem em específico e gera uma energia única. Cada um tem seu próprio universo, suas próprias mazelas e precisa mesclar isso ao universo do outro.
As fantasias, as vontades, os sonhos logo dão lugar a realidade de algumas impossibilidades, alguns desencontros, algumas barreiras. Claro que tudo precisa ser transposto, mas... até que ponto conseguimos realmentre ir além?
Até que ponto temos a perspicácia, astúcia e real disposnibilidade para identificar, classificar, catalogar e desenvolver meios de passar por esses entraves? Até que ponto conseguimos identificar o que é preciso transpor e o que precisa ficar exatamente onde está.

Adeptos compromissados, adeptos com patologias sérias, adeptos sem foco, adeptos sem compromisso com a relação, adeptos que negociam o vazio e quando o tem mudam completamente o discurso, adeptos não adaptados. Adeptos!
Essa é a tônica? Juro que não sei.

O que entendo por relação: Duas coroas, uma corrente. Ambas precisam da corrente para uní-las e ambas engrenam um universo em paralelo.
O que entendo por BDSM: Dois (ou mais) indivíduos. Ambos precisam(?) do jogo para uní-los e ambos engrenam vários universos (seus) em paralelo.

Mas até que ponto um deve interagir no(s) universo(s) do outro?
Já ouvi submissa dizer que no trabalho dela Dominador nenhum entra.
Já ouvi Dominador dizer que na família dele submissa nenhuma interfere.

Gente, posso ser mais franco que fomentador de pensar?

Se um namorado, amigo, conhecido da estração de trem pode interagir com o trabalho da namorada, amiga, conhecida do ponto de avião, se uma namorada (e todo aquele bla´, blá, blá anterior) pode interagir com a família do namorado (ponto). Se entendo que BDSM está acima de tudo isso... Que diabos estou fazendo aqui?
Sendo usado? Se penso que quero tudo e tudo será sempre pouco, por que reservar áreas da vida? Reservar para quem? Para o próximo?
Ou será que, em verdade, não dou porque dar - in locus - significa trocar? Se eu exigir, terei que dar...

É claro que, a exemplo do namorado, ninguém vai mandar você ir com decote pesado e se insunuar para o chefe, mas... a sua vida já não é um jogo, Papito e Madresita?


De verdade, vejo relacionamentos em que seria mais fácil não tê-los, pois tê-los é algo surreal, fora de foco e difícil de entender. E não que eu precisasse entender nada se ambos estão bem.
Mas... será que estão bem mesmo? Ou estão minando forças, desequilibrando chakras, se desestruturando para vivenciar aquela relação que não relaciona, pelo contrário, ela desune?

Tenho, tenho, tenho, juro que tenho pensado BDSM. Tenho pensado que separamos o que devíamos unir (alguém gritou que esse é o padrão do ser humano? Posso gritar de volta que uma das coisas que me fez adentrar o meio foi justamente não ter a necessidade de seguir padrões?).
Tenho pensado que BDSM pode ser visto de formas interessante e pejorativamente equivocadas, mas... que tem todo um fundo de amostragem onde menos de 1% consegue realmente viver, vivenciar e elaborar o BDSM dentro de si (e falo do BDSM que eles sonham isoladamente). A grande maioria se perde, se acha e passa anos sem pensar o BDSM. Pensam o seu BDSM. Justo! Sim, muito justo, mas... e o BDSM do outro que faz a corte e possibilita a troca? E o tal BDSM da tal engrenagem? O BDSM que une (ao menos dois), que poli, que burila, que alquimiza, que compensa muito mais do que frustra, que faz viver, que faz crescer.

Vejo muitos vivendo relações virtuais quando as reais clamam para serem desnudas.
Claro que tudo tem um preço, mas o BDSM é como uma feira livre depois das 11 da manhã: sempre é possível negociar.



Ainda lembro e esclareço que BDSM é o que cada um quer que seja. Bastam dois para uma camada estar plena.
Mas... não precisam me desculpar, e quando um individuo elabora e apresenta suas ideias como verdades-absolutas ou mesmo apresenta sofismas como verdade-verdadeira?
Cabe cada um estudar, ler e comparar ideias, formar as suas próprias e ir além do que é apresentado, afinal BDSM é um palco com coxia e camarim. Visite tudo!
Explore, sobretudo a si mesmo. Olhe querendo ver e não tema o que é visto. Luz e sombra ocupam o mesmo lugar no espaço e ambas podem ser você.


Linda semana

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Miss Patricia

Description:

Patricia was a bad girl today....guess what happens to her poor bottom?

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O chicote é uma ponte que liga dois mundos.

O chicote é uma ponte que liga dois mundos.

Szir GanoN

Em uma olhadela breve o BDSM pode se mostrar um universo fascinante. E o é.
É mágico poder exercer seu poder de voto ao realizar fantasias tão complexas, tão íntimas que parecem um sonho.
Mais fascinante ainda é ter a oportunidade - muitos não tem, isso é um doloroso fato - de descobrir que nossos sonhos são somente a base de uma montanha que pode não ter fim.

Se por um lado o Dominador tem a demanda, desejo e/ou a necessidade de dominar e o submisso a demanda, desejo e/ou a necessidade de se submeter (ou subemeter-se, só quem vive vivência a diferença), no meio temos um universo de possibilidades que se apresentam conforme a carruagem do prazer, segue seu cortejo.

Para quem chega, para quem dá uma breve olhadela, é simples. Um manda, o outro obedece. *sorriso* Simples assim - e toda simplicidade é complexa ao ser e estar, sobretudo quando SoMos e eStaMos.
Por outro lado... Basta pesquisar um pouco mais para ver que não é bem assim, que mandar e obedecer são termos amplos e que saber vergar é a tônica do momento, a engrenagem que possibilita o envolvimento.

O Chicote, o Senhor Chicote, tem importante significado para os dois.
Ambos sabem que não é a dor que verga, pelo contrário. Se um gosta de bater e o outro de apanhar, o chicote é apenas uma ponte.
O que verga é o envolvimento, a postura, o comportamento, as possibilidades.

Uma vez ouvi, em cena:
Dom - Bato porque gosto.
sub - Apanho porque quero.
E aí?
E agora?
Ficou fácil ou difícil?
Quer mais?

Dom - Vadia de bosta! Submissa, masoquista de merda!
sub - sádico filho de uma puta. O Senhor deve ter sido abandonado na porta de um orfanato de freiras, e deve ter sido corno em todos os seus relacionamentos. Uma máquina de bater. Um ser sem sentimentos.
E aí?
E agora?
Ficou fácil ou difícil?
Quer mais?

Chega de dar mais. Infelizmente, para uns, faltou liturgia, para outros, ela está perfeita. Para mim cabe o relato do que vi e não o julgo.

Em verdade queria mesmo discutir, debater, falar alto, defender sofismas, ouvir verdades consistentes e julgar como eufemismo.

Mas vamos voltar que o mundo gira sem parar.

O BDSM burila a essência de seus envolvidos. Seja parafilia, patologia, prazer, opção de vida, libertinagem, filosofia, arte, os escambau! BDSM é essência!
Quando leio sobre primais, vejo o BDSM nu e cru. Ali, sem roupa.

O meio, apesar de muitas vezes ser apresentado como algoz, é de suma importância para todos. É no meio que temos nossos prazeres espelhados, assumidos, trocados, exercitados, possibilitados, enfim, apresentados em uma bela, grande e brilhante bandeja de prata. A mesma de um cobiçado aparelho de jantar.
Quem dá uma breve olhadela no meio logo percebe que aquele liquidificador de fetiches é o lugar certo para trocar.
Como em toda sociedade, o meio tem seus grupos, as elites, as favelas, os estranhos - ainda que no ninho -, os pensadores, os que só pensam, os que nem pensam, os que pensam que pensam e isso é que mais fascina no meio. A diversidade fluente em um mar de possibilidades.
O trocar falas auxilia no entendimento de nossos fetiches e somente o meio possibilita esse expiar, esse vivenciar sem culpa.
O meio é importante, necessário e bem vindo. As posturas... idem! Ao final, cada um é cada um. Basta olhar querendo ver e não temer o visto.


Afinal, basta uma breve olhadela para compreender que, de perto, ninguém é normal e poderemos ficar felizes ao perceber que... de longe também não. *sorriso*

Boa semana e que o chicote continue sendo uma bela e prazente ponte!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Negociar o que, o fim?

Há algum tempo tenho visto, ouvido e apreciado coisas e cousas. Tudo me faz pensar, tudo me faz refletir.
Numa época não muito distante os discursos eram "estou disposta a tudo", "Pode fazer o que quiser comigo". Hoje leio "não pode isso", tenho restrições com aquilo" e "não permito aquilo outro nem que me mate".
Tudo bem, se conhecer, saber seus limites é bem vindo e esperado, mas... até que ponto estar fechado a ampliação para o abrir de limites pode/deve ser visto como algo bem vindo?

Para o que é o BDSM? Eu ainda não sei, mas no passado eu dizia que era para libertar, libertinar, soltar grilhões impostos, postos e muito bem enraizados pela sociedade comum. Diria que era para se perder e se achar, expandir limites, ir além de si mesmo. Sem medo alegaria que era para me explorar, explorar o labirinto de emoções do outro no próprio outro.

Hoje, fora de qualquer contexto fetichista, vejo submissas "se venderem" - e serem compradas! - como prostitutas. Sim, é comum, para não perder dinheiro, conversar com a Garota de Programa afim de negociar o maior número possível de práticas. É comum falar um pouco de tudo para não ocorrer desencontros.
Tenho visto esse mesmo approuch com submissas.
Tenho visto esse mesmo discurso de algumas submissas com Dominadores.

Não que uma submissa não tenha que externar até onde pretende ir, mas... que tal simplesmente ir? Que tal, na negociação, expor apenas a senha de segurança e entrar em um Programa de Adestramento onde tudo será apresentado com a finalidade de conhecimento e interação? Que tal se disponibilizar ao todo e o Dominador seguir em um crescendo sem tempo e sem culpa?

Para que a segurança da duração do relacionamento, se para durar o relacionamento precisa ser vivido? Ambos precisaram estar ali. Não importa o tempo.
A interação é fundamental, a descoberta é sempre linda e o se permitir é dado com a evolução das práticas.

Claro que se você se vê somente submissa e não masoquista não tem porque praticar jogos com dor, mas... e se você ainda não experimentou a dor sendo imprimida com outros ingredientes em que o sentir estará de outra forma?
EU entendo que todos buscam segurança, mas... e se essa segurança for, justamente, a trava que dificulta o crescer de ambos?

E não falo somente de dor, pois tem muitos outros jogos em que a maioria nunca experimentou e negativa por puro pré-conceito social, emocional, mental.

O recado dessa semana é curto, mas... antes de pensar em negociação, pense em ampliação. Pense que, em um país distante só lhe restará aprender a cultura com o seu bom e ruim, com os seus dois lados de uma mesma moeda.
Negativar sem realmente conhecer é se cercear, é impossibilitar o seu ir além consigo mesmo.

Tenho dito. Linda semana a todos.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

A Submissa e o dominador

Um respeitado Dominador - e amigo pessoal meu - colocou o seguinte informe em um famoso site:
Mesmo não sendo do meu costume expor-me e expor aos meus, venho comunicar que libertei a única escrava que realmente foi uma submissa. Mulher ímpar e sem igual. Aceitou tudo que ofertei, sempre cumpriu o combinado, nunca me cobrou nada, sempre ligou dentro dos horários possíveis e aceitáveis, na hora da doença procurava um médico e não a mim, no momento de surto entendia que o melhor psicólogo é um... psicólogo, as sessões eram maravilhosas e o Dono era Dono e não terapeuta 24/7. Ainda, na hora de sair, pediu para ficar.
Divina.
Uma verdeira submissa. Uma pena que deve estar isolada.
O meio me acolherá e não dará nenhuma atenção aquela uma.
*
* *
Meia hora depois da publicação a submissa liga para ele:
- Senhor? Por favor, eu posso falar, Senhor? Ela era toda liturgia...
Ele cheio de si e acreditando que ela insistiria no pedido de volta, é seco ao responder. - Diga.
- Houve alguma coisa, Senhor amado? Ela segue doce, esperançosa e pronta.
- Por que? Tá todo o meio te escurraçando, né? Ele, sempre tão inteligente, sabedor de tudo, um verdadeiro profeta do modernidade, um Guru, já antecipa o que sabe acontecer.
Ela segue humilde, solícita e plena em sua submissão tão sua.
- Não senhor, recebi três mil e-mails me oferendo reino, Senhor.
Ele desligou o telefone, o micro e foi procurar a esposa - que sempre o maltratava - para chorar as pitangas.

domingo, 1 de novembro de 2009