O mais difícil no BDSM é conseguir entender que ele é uma relação de dois. Cada um tem um movimento, mexe uma engrenagem em específico e gera uma energia única. Cada um tem seu próprio universo, suas próprias mazelas e precisa mesclar isso ao universo do outro.
As fantasias, as vontades, os sonhos logo dão lugar a realidade de algumas impossibilidades, alguns desencontros, algumas barreiras. Claro que tudo precisa ser transposto, mas... até que ponto conseguimos realmentre ir além?
Até que ponto temos a perspicácia, astúcia e real disposnibilidade para identificar, classificar, catalogar e desenvolver meios de passar por esses entraves? Até que ponto conseguimos identificar o que é preciso transpor e o que precisa ficar exatamente onde está.
Adeptos compromissados, adeptos com patologias sérias, adeptos sem foco, adeptos sem compromisso com a relação, adeptos que negociam o vazio e quando o tem mudam completamente o discurso, adeptos não adaptados. Adeptos!
Essa é a tônica? Juro que não sei.
O que entendo por relação: Duas coroas, uma corrente. Ambas precisam da corrente para uní-las e ambas engrenam um universo em paralelo.
O que entendo por BDSM: Dois (ou mais) indivíduos. Ambos precisam(?) do jogo para uní-los e ambos engrenam vários universos (seus) em paralelo.
Mas até que ponto um deve interagir no(s) universo(s) do outro?
Já ouvi submissa dizer que no trabalho dela Dominador nenhum entra.
Já ouvi Dominador dizer que na família dele submissa nenhuma interfere.
Gente, posso ser mais franco que fomentador de pensar?
Se um namorado, amigo, conhecido da estração de trem pode interagir com o trabalho da namorada, amiga, conhecida do ponto de avião, se uma namorada (e todo aquele bla´, blá, blá anterior) pode interagir com a família do namorado (ponto). Se entendo que BDSM está acima de tudo isso... Que diabos estou fazendo aqui?
Ou será que, em verdade, não dou porque dar - in locus - significa trocar? Se eu exigir, terei que dar...
É claro que, a exemplo do namorado, ninguém vai mandar você ir com decote pesado e se insunuar para o chefe, mas... a sua vida já não é um jogo, Papito e Madresita?
De verdade, vejo relacionamentos em que seria mais fácil não tê-los, pois tê-los é algo surreal, fora de foco e difícil de entender. E não que eu precisasse entender nada se ambos estão bem.
Mas... será que estão bem mesmo? Ou estão minando forças, desequilibrando chakras, se desestruturando para vivenciar aquela relação que não relaciona, pelo contrário, ela desune?
Tenho, tenho, tenho, juro que tenho pensado BDSM. Tenho pensado que separamos o que devíamos unir (alguém gritou que esse é o padrão do ser humano? Posso gritar de volta que uma das coisas que me fez adentrar o meio foi justamente não ter a necessidade de seguir padrões?).
Tenho pensado que BDSM pode ser visto de formas interessante e pejorativamente equivocadas, mas... que tem todo um fundo de amostragem onde menos de 1% consegue realmente viver, vivenciar e elaborar o BDSM dentro de si (e falo do BDSM que eles sonham isoladamente). A grande maioria se perde, se acha e passa anos sem pensar o BDSM. Pensam o seu BDSM. Justo! Sim, muito justo, mas... e o BDSM do outro que faz a corte e possibilita a troca? E o tal BDSM da tal engrenagem? O BDSM que une (ao menos dois), que poli, que burila, que alquimiza, que compensa muito mais do que frustra, que faz viver, que faz crescer.
Vejo muitos vivendo relações virtuais quando as reais clamam para serem desnudas.
Claro que tudo tem um preço, mas o BDSM é como uma feira livre depois das 11 da manhã: sempre é possível negociar.
Mas... não precisam me desculpar, e quando um individuo elabora e apresenta suas ideias como verdades-absolutas ou mesmo apresenta sofismas como verdade-verdadeira?
Cabe cada um estudar, ler e comparar ideias, formar as suas próprias e ir além do que é apresentado, afinal BDSM é um palco com coxia e camarim. Visite tudo!
Explore, sobretudo a si mesmo. Olhe querendo ver e não tema o que é visto. Luz e sombra ocupam o mesmo lugar no espaço e ambas podem ser você.
Linda semana